Quando é que foi a última vez que choraste?
A boa notícia é que não tens que pensar muito porque neste preciso momento estás a chorar. Não é bem assim, já te vou explicar. Então, porque é que eu digo que neste momento estás a chorar? Fui investigar sobre o porquê das lágrimas e o porquê dos seres humanos chorarem e estas são algumas das descobertas pelo caminho.
Estamos constantemente a produzir um líquido, uma lágrima, para proteger o nosso olho. Há um vídeo absolutamente espectacular, da TED, que é a organização que faz as TEDx e TED Talks, que se chama TED ED, que é uma série de mini vídeos de três minutos sobre educação, forma mesmo simples ilustrada, como é que funciona a íris. O vídeo explica-nos esta questão acerca dos três tipos de lágrimas e também como é que são as camadas da íris.
A íris é uma “menina” muito sensível e tem três camadas. A primeira é uma camada mucosa que tem tudo apegado a ela, a segunda é uma camada aquosa que mantém íris hidratada e a terceira é uma camada que ser para manter a superfície do olho lisa. Portanto, estamos constantemente a produzir lágrimas ao ponto de, por dia, imagina tu, produzirmos cerca de 30 cl de lágrimas, ao final de um ano são cerca de 110 l. Esta é uma das informações que está nesse vídeo, e eu achei absolutamente fascinante.
O que são as lágrimas?
São secreções que limpam e lubrificam os nossos olhos, são compostas por água, sais minerais, proteínas, e gordura não só limpam e lubrificam os nossos olhos como também podem surgir quando as emoções batem forte cá dentro, seja para o choro, seja para o riso (há todo um mundo para explorar).
Existem três tipos de lágrimas
A lágrima basal em olhos saudáveis serve para proteger a córnea, está constantemente mantê-la molhada para que os nossos olhos estejam livres de poeira.
Em segundo lugar pensar naquele momento em que tu estás a descascar a cebola, E no momento em que lhe tiras o “casaco”, de repente os teus olhos começam a lacrimejar como se não houvesse amanhã. Esse tipo lágrimas também tem um nome específico, chamam-se lágrimas reflexivas, estão relacionadas com a irritabilidade que é provocado em situações como vapores de cebola o gás lacrimogéneo (vem daí o nome) ou spray de pimenta. São situações que utilizem os olhos e começamos a chorar como mecanismo de proteção.
E entre ser lugar vem a lágrima especial de corrida aqui para o podcast – a lágrima emocional, que conhecemos por choro. O que é interessante nas lágrimas emocionais é que normalmente elas surgem em contexto emocional, ou seja, quando existe muito stress, muita raiva ou muito sofrimento, basicamente quando temos uma emoção muito forte. Pode ser muita felicidade ou muita dor. Normalmente surgem em situação de extremo. Estas lágrimas estão de alguma forma relacionadas com a parte do nosso cérebro que processa as emoções. Interessante é que as lágrimas dos seres humanos têm uma composição diferente das lágrimas basais e das lágrimas reflexivas. Em relação a composição das lágrimas emocionais elas contêm níveis mais elevados das conhecidas “hormonas do stress”, como a corticotrofina e a encefalina (uma endromina, i.e., um neurotransmissor e ao mesmo tempo um analgésico natural).
A ciência acredita que os seres humanos são a única espécie animal que chora lágrimas emocionais, relacionadas com o hipotálamo, a área do cérebro que processa emoções.
Agora a pergunta que fica é: porquê a lágrimas quando estamos tristes ou quando temos uma emoção tão forte como a dor e a tristeza?
Há algumas teorias, mas ainda não há conhecimento científico que possa dizer o porquê exato da existência de lágrimas emocionais nos seres humanos. Em termos evolutivos, uma das teorias mais defendidas é que quando nós choramos ficamos com a visão turva portanto a probabilidade de contra-atacarmos é muito menor e portanto a pessoa que está presente nós a partida também não vai atacar, vai sentir empatia e compaixão e isto funciona como um mecanismo de defesa, na forma como nos relacionamos uns com os outros.
Se pensarmos em nós enquanto bebés, uma das formas que temos para comunicar para conseguirmos satisfazer as nossas necessidades como comer, estar higienizados, comunicamos através do choro. O choro, de alguma forma, conecta-nos com os outros seres humanos. Evolutivamente faz sentido. Pensando como era a milhares de anos, a pessoa chorar impedir um ataque permitia uma maior probabilidade de sobrevivência.
Por outro lado, lágrimas emocionais ao conterem essas tais “hormonas de stress” tem mostrado através de alguns estudos, ainda que escassos, porque quem chora sente um alívio. É também uma forma de regular o nosso estado de espírito e o nosso estado de humor.
Contudo, falar de tristeza e só focar na anatomia das lágrimas é redutor. Isto acaba por nos fazer perder de vista aquilo que é o papel da tristeza.
Se por um lado as lágrimas nos permitem ter uma ideia daquilo que é anatomia do nosso corpo e de que forma viemos embutidos com esta funcionalidade, que é deitar água pelos olhos quando estamos tristes, por outro lado, devemos explorar aquilo que o papel da tristeza nas nossas vidas.
Para isso, desafio-te a veres ou reveres o filme da Pixar “Divertidamente”. Um filme de animação brilhante no que toca à ilustração do mundo das emoções na cabeça de uma criança, que nos leva a refletir sobre o papel e a verdadeira importância de cada uma das 5 emoções primárias: tristeza, alegria, nojo, medo e raiva. E se todas as emoções são relevantes, a tristeza, a par da alegria, ocupa um lugar de destaque neste filme. E não é por acaso. É porque estas dicotomias são essenciais para o nosso equilíbrio mental.
Para quem gosta de aprofundar as reflexões e contar com diferentes pontos de vista, vale a pena ouvir o episódio do Cinema Therapy, com o terapeuta licenciado, Jonathan Decker, que examina do ponto de vista da psicologia, relacionamentos, dinâmicas familiares e muito mais neste mergulho profundo na obra-prima da Pixar.
O 63º episódio é apoiado pela marca Joana Banana Handmade!