Olá, olá! Bem-vindos a mais um episódio do Bela Questão! Hoje temos connosco uma convidada especial, a Alexandra Ricardo, que é psicóloga, e que neste episódio nos vai partilhar connosco estratégias para lidar melhor com o isolamento social.
Bem-vinda, Alexandra! Obrigada por teres aceite o convite para esta entrevista. Antes de começarmos a fazer belas questões, ia pedir que te apresentasses, muito rapidamente.
Olá, Amália, obrigada pelo convite! Como tu disseste, sou psicóloga, tirei o curso há mais ou menos dez anos. Exerci, durante vários anos, psicologia com crianças que tinham necessidades educativas especiais, como autismo, síndrome de down, síndrome de X frágil, entre outras problemáticas. Trabalhei também com jovens e adultos com doenças mentais graves. Entretanto, tive uma interrupção nesse percurso e decidi ir para Angola, abraçar novos desafios e projetos, também na área da psicologia, especificamente no ensino e, depois, numa área de Recursos Humanos.
Quando voltei a Portugal, não exerci psicologia. Estive um bom tempo afastada da área, em funções de Recursos Humanos, a nível mais administrativo, e, depois, voltei outra vez à área. Neste momento, estou mais próxima da psicologia e do coaching também.
Quais é que têm sido as principais perguntas e pedidos de ajuda que notas que estão a afetar, no geral, a maior parte das pessoas?
Já estamos há algumas semanas no isolamento e as pessoas já se tentaram organizar de alguma forma. Na primeira e segunda semanas, as pessoas estavam super desorientadas. Havia uma angústia muito grande de desorientação: “O que se está a passar? E agora?”, “Espera, não vou trabalhar? Não vou ao ginásio nem à praia?”
No início, havia uma dificuldade de se consciencializarem do que se estava a passar e uma necessidade muito grande de controlo sobre a realidade.
Aquilo que tentei mostrar foi que não conseguimos controlar o que se está a passar, que é uma coisa a nível global, infelizmente, não temos a hipótese de controlar nem fazer nada contra isso. Contudo, o que podemos fazer é ficar em isolamento social e pensar o que é que vamos fazer com esse tempo de isolamento.
Ocupar a mente, evoluir e aprender novas competências
Se estivermos doentes, não conseguimos controlar tão bem, porque estamos nessa condição. Se não estivermos doentes e estivermos saudáveis, de certa forma, conseguimos controlar aquilo que podemos fazer, que podem ser diversas coisas. Podemos não fazer nada, é válido. Ficar no sofá sem fazer nada e a ver televisão e ou a fazer qualquer coisa que nos apeteça. Podemos parar, pensar e aproveitar para fazer uma coisa que nunca tínhamos tido tempo para fazer, como, por exemplo, arrumar a fundo umas gavetas, dar uma volta ao escritório, rever e organizar fotografias, recordar memórias de infância ou aprender uma nova língua. Até porque a vida é uma correria e nunca se tem tempo para isso.
“Hoje em dia, felizmente, temos a tecnologia que é uma grande aliada neste momento.”
Há que aproveitar o tempo que temos disponível e essa tecnologia para nos “alimentarmos” da melhor forma possível. Por exemplo, pode ser um curso de línguas, de fotografia, de alimentação saudável ou outra coisa qualquer, que queiramos aprender. Algo que nos motive, nesta altura, e que nos faça passar o tempo de uma forma mais tranquila, para sentirmos que estamos a evoluir nestes dias, que parecem não ter grande ordem.
É um tempo atemporal. Parece que estamos no meio do nada, porque faltam-nos algumas rotinas que nos balizavam. De segunda a sexta, o percurso era este, as funções eram estas, fazia-se uma pausa a esta hora, o almoço era com os colegas… havia toda uma rotina. Neste momento, isso não pode acontecer.
Dentro desta rotina, ainda meio perdida, é preciso encontraram nova rotina, seja ela qual for.
Filtrar informação
Está muita coisa a acontecer que nos preocupa e invade. É impossível ficar indiferente em relação àquilo que está acontecer.
Uma das estratégias que também recomendo é filtrar as informações de notícias que vemos, porque estar todo o dia a ver notícias tristes afeta-nos a todos. Não é bom estarmos com a nossa mente constantemente focada em coisas negativas. Isso vai afetar muito o estado emocional que temos.
Se tentarmos alimentar a nossa mente com algo mais positivo, como as aprendizagens que estávamos a falar, vamos ficar num estado emocional mais positivo e será mais fácil ultrapassarmos esta fase tão atípica que estamos todos a viver.
Que outras estratégias podes recomendar que utilizas com as pessoas que te procuram?
Não costumamos ter tanto tempo, porque a nossa vida é uma correria constante, de casa para o trabalho, do supermercado para as escolas dos filhos, faculdade, o que seja. Não temos tempo para parar e pensar sobre nós próprios, o que gostávamos de melhorar em nós, o que gostamos em nós e queremos que continue presente na nossa personalidade e no nosso dia a dia. Que coisas não gostas tanto? Que consideras defeitos e que podes melhorar? São perguntas que podemos perfeitamente fazer.
Podemos também ter o apoio de livros que, nesta altura, temos mais tempo para ler. Nesta fase, temos também, para quem quiser investir mais no desenvolvimento pessoal, livros que nos despertam para essa área.
Que livros que recomendas dentro do desenvolvimento pessoal?
A nível de desenvolvimento pessoal, recomendaria “O Monge que vendeu o seu ferrari”, de Robin Sharma. É um título muito sugestivo e acho que, nesta fase, nos poderá ajudar a pensar como utilizar tudo o que se está a passar, que é uma crise, de uma forma positiva, no sentido transformador.
Acho que para quem não está a ver como pode fazer isso, para quem pensa: “Está tudo tão mau à minha volta, perdi o meu emprego, tenho um familiar doente, estou ansiosa(o), não consigo dormir ou descansar”, o livro é uma boa sugestão, porque nos faz ter outra visão das coisas. Como é que podes tornar uma situação má num momento transformador da tua vida, que te vá despertar para uma mudança que já ambicionavas há muito tempo?
Hoje, temos tempo para pensar sobre isso, sobre o quê e o como gostávamos de mudar. É uma ótima altura para nos debruçarmos mais sobre estes temas do desenvolvimento pessoal.
Por curiosidade, o protagonista do livro é um monge, mas antes era rico?
É isso mesmo! O protagonista era rico e teve um momento da vida dele que era, não um problema, vamos mudar de vocabulário, mas sim um desafio. E o protagonista foi em busca de mecanismos para ultrapassar esse desafio.
Se encararmos as coisas como problema, parece que não temos controlo sobre a situação. Até a nossa postura corporal fica mais depressiva. Se colocarmos uma postura, chamada “super-homem”, as costas diretas, ombros para trás, sentimo-nos mais “empoderados” e com mais confiança.
A pergunta é: o que podes mudar e aproveitar nesta fase? No fundo, para mudarmos, temos de mudar hábitos. Por exemplo, se queremos ser mais saudáveis, temos de ter hábitos de vida que sejam mais saudáveis, seja na alimentação, na higiene do sono e até perceber se as pessoas com quem nos relacionamos, se são muito tóxicas ou não.
O que é uma pessoa tóxica?
Nem sabemos explicar muito bem, mas não no sentimos muito bem na presença daquela pessoa. É uma ambivalência porque, por um lado, parece que até gostamos muito da pessoa, mas há qualquer coisa que nos transmite algo mais negativo, alguma sensação mais estranha, que nem sabemos nomear.
É algo estranho, que vamos sentindo, mas como no dia-a-dia não temos tempo para pensar sobre isto, vamos empurrando para baixo do tapete e continuando com a nossa vida.
Esta pessoa pode ser um familiar, amigo ou até um chefe de quem gostávamos muito, inicialmente, mas há uma sensação estranha. Como é algo ambivalente, temos tendência para não pensar muito sobre isso, porque a ambivalência vai criar-nos conflito interno e obriga-nos a pensar sobre o assunto e a mudar.
Mudar algo acaba por nos exigir outro tipo de mecanismos, de energia e, acima de tudo, de força de vontade. Portanto, é mais fácil ficarmos na nossa zona de conforto e continuarmos a ter aquelas pessoas à nossa volta.
Dá mais trabalho pensar e afastá-las, de alguma forma, do que lidar com o assunto.
E às vezes até nem é necessário um afastamento, mas explicar à pessoa quais são as nossas fronteiras.
Sim, muitas vezes, essa pessoa não sabe que está a fazer mal, seja porque critica de forma negativa ou porque não compreende uma paixão nossa. E isso torna-se tóxico.
As pessoas de quem mais gostarmos serem as primeiras a deitarem-nos abaixo quando temos, por exemplo, um projeto. Partilho aqui o que diz a Mel Robbins, uma das minhas autoras preferidas: “A pessoa pode não saber quais são os limites. Então, é importante comunicá-los de forma firme.
Exatamente. Quando estava a dizer afastar, estava exatamente a pensar nisso. Afastar a pessoa, nem sempre é possível, mas podemos mudar a maneira como nos relacionamos ou relativizar o impacto que ela tem na nossa vida.
É importante, primeiro, ter a consciência do porquê da pessoa nos estar a afetar. Será que é porque está sempre a criticar-nos? Porque não dá importância nenhuma à nossa opinião? Parece que ela é que tem sempre razão e as opiniões dela é que são importantes.
É preciso nomear as emoções. Se estamos a sentir frustração, o que está a causar esse sentimento e o que podemos fazer em relação a isso? Por exemplo, falar com essa pessoa e dizer: “Sinto-me magoado(a) quando tens este tipo de atitude, se calhar não tens noção do impacto, acredito que não o faças por mal” (se partirmos a atacar a pessoa vai assumir uma posição defensiva e não conseguiremos chegar a lado nenhum. Por isso, é importante mostrarmos a nossa compreensão). Muitas vezes, a pessoa até fica surpreendida, passa a ter mais atenção e não vai repetir o mesmo padrão.
Contudo, se o padrão se continua a repetir, se nos faz mal, temos essa consciência e a pessoa continua a fazer o mesmo, a responsabilidade também é nossa porque estamos a permitir que a pessoa o continue a fazer.
Temos também o nosso papel a cumprir de não nos colocarmos na posição de vítima. Se a pessoa tem esse tipo de atitude, se não gostamos ou sentimos confortáveis, se não nos ajuda a crescer e não traz nada positivo para a nossa vida, então, vamos responsabilizar-nos pelo que sentimos e a colocar limites. Por exemplo, deixando de partilhar tantas coisas com essa pessoa, a desvalorizar a sua opinião, e a, lentamente, começarmos a afastar-nos.
Às vezes, quando nós mudamos de atitude é quando a outra pessoa se apercebe.
Aí as coisas realmente mudam, porque a outra pessoa sentiu ela diferença de atitude e, como não quer esse afastamento, passa a ser possível chegar a um consenso. Também pode acontecer de cada um ter a sua postura e a sua opinião. Também é ok. Agora, se não nos identificamos com a verdade daquela pessoa e com a maneira como ela age, não temos de ficar ali. Há outras hipóteses.
Vale a pena recordar a frase falada no episódio anterior: “Sê a mudança que queres ver no mundo” de Ghandi. Mas é também a forma como abordamos as pessoas que, muitas vezes, gera ainda mais críticas.
É interessante partilhar a diferença entre uma crítica e feedback construtivo. Acho que essa é realmente a questão. Nós temos muito mais a tendência para nos criticarmos mais uns aos outros. A crítica acaba é uma coisa construtiva. Agora, se nós dermos um feedback construtivo, aí, sim, vai fazer com que seja uma algo positivo para os dois lados.
Uma das coisas que gosto de dizer é que a crítica destrói e o feedback constrói.
Sim. Uma das coisas apontadas que tenho e aproveito para partilhar sobre o feedback construtivo é que “o feedback construtivo é dirigido à melhoria do rendimento, de uma forma tranquila e genuína. É dirigido a factos, procura soluções e cria espaço para novos desenvolvimentos e crescimento pessoal”.
Se fazemos uma crítica, temos de pensar onde queremos chegar. Se queremos continuar na nossa razão, se não tivermos um objetivo comum lá à frente, que é realmente de nos darmos melhor e termos uma relação melhor, então não vale a pena estarmos com as críticas, porque não vamos chegar a lado nenhum, se cada um está a puxar para o seu lado e não se está a ver lá à frente um objetivo comum.
É engraçado como acabamos por dar aqui uma importância muito grande à questão das relações humanas.
Por um lado, começámos o episódio a falar na importância de nos viramos para dentro e de percebermos quais são as nossas necessidades, que alimento é que nós precisamos para sentirmos que estamos a crescer como seres humanos.
Depois, começámos a falar sobre as relações humanas porque têm um impacto muito grande.
Somos seres sociais, somos seres de hábitos e agora que estamos confinados a um espaço de uma casa, onde podemos ter mais pessoas, as relações humanas ocupam uma dimensão muito importante.
Estando sozinhos também estamos mais sensíveis e acabamos por ter mais necessidade atenção, eventualmente.
Já temos aqui várias sugestões, indicações e recomendações. Que livros recomendes, neste sentido do teu desenvolvimento pessoal e do crescimento?
Tenho aqui um livro que gosto muito e que fala sobre termos de nos responsabilizar sobre a realidade que criamos e as relações que temos e que alimentamos. Nós temos algum poder de decisão sobre isso. Sobre as pessoas e o tipo de pessoas que nos rodeiam. No fundo, de cultivarmos esse poder interior. O livro chama-se “O poder está dentro de ti”, da Louise Hay. É um livro que fala que nós temos o poder de nos modificarmos a nós, de termos um impacto positivo também nos outros e de não alimentarmos relações que são tóxicas e que não são construtivas.
Depois, tenho aqui também outro livro que gostei muito e que é muito prático para quem quer saber saber mais sobre inteligência emocional, que se chama “Inteligência Emocional”, dos autores Travis Bradberry e Jean Greaves. É um livro muito objetivo e prático. Até tem um teste que podemos fazer para percebermos a que nível está a nossa inteligência emocional, para depois irmos implementando as estratégias que vêm no livro e irmos percebendo se estamos a conseguir melhorar a nossa inteligência emocional, que é uma das competências que, neste caso de isolamento, nos ajuda muito a não só nos relacionarmos com os outros como também connosco próprios.
O desenvolvimento pessoal, a inteligência emocional, o autocontrolo e esta aprendizagem e o crescimento são os temas centrais que o Bela Questão explora. Por isso, é fantástico que tenhas dado essas sugestões!
Tenho mais uma sugestão, já que estamos a falar também de relações pessoais em casa, falando mais especificamente dos casais. Li um livro também muito bom que se chama “As regras de ouro nos casais saudáveis”, de Augusto Cury. É um escritor brasileiro e psicólogo, muito conhecido, que tem ótimos livros e tem muitos vídeos também publicados no YouTube, de muitos discursos e palestras. É uma pessoa super interessante para nós ouvirmos e aprendermos.
No que diz respeito à relação do casal é difícil, ainda mais estando num espaço 24h/24h com aquela pessoa. Não é fácil de gerir. Então, agora muitas vezes vêm ao de cima problemas que já existiam, mas que, como disse há bocadinho, iam ficando sempre debaixo do tapete. Evitamos lidar com as coisas que nos tiram da zona de conforto. Contudo, agora (com o isolamento) não dá para evitar e muitas vezes essas coisas vêm com uma força muito grande, porque muitas delas estiveram caladas durante muito tempo. Então, vêm ao de cima com uma força enorme e acabam por lesar parte a parte. As coisas são ditas de uma forma explosiva, não se tem tem cuidado com aquilo que se está a dizer e que também nós próprios não estamos a conseguir controlar.
Estamos irritados com toda esta situação e com todas as preocupações que temos, que essas coisas acabam por sair, sem conseguirmos pensar duas vezes sobre elas. E estes livro ajuda bastante nesta questão.
Já agora partilho também um livro que é “As cinco linguagens do Amor” de Gary Chapman, que é também um psicólogo. É psicoterapeuta de casais, já tem 30 anos de experiência, e categoriza em 5 linguagens aquilo que ele identifica que são as principais categorias de necessidades de uma pessoa numa relação.
No fundo, o que ele expõe é que cada pessoa tem uma língua primordial. Todos falamos as cinco linguagens, mas há uma que é a nossa língua nativa. às vezes, o que acontece num casal é que a outra pessoa não fala a mesma língua que nós, então, fala-nos nas outras quatro línguas e nós estamos sempre insatisfeitos. A pessoa não sabendo qual é a nossa linguagem primordial, por mais que se esforce, dificilmente vai conseguir proporcionar-nos aquele nível de satisfação.
Só para dar um exemplo, quais é que são essas linguagens? Por exemplo, há pessoas que valorizam muito os presentes, há outras pessoas que valorizam muito o toque físico, o carinho e há outras pessoas que valorizam muito a qualidade de tempo que passam com a pessoa. Então, se uma pessoa que valoriza muito a qualidade de tempo que passa com a pessoa, a outra pessoa está sempre ocupada, mas dá muitos presentes, o que está acontecer? Não estão a falar a mesma linguagem. Muitas vezes, isso gera conflitos e os casais nem se apercebem. O livro é fantástico.
Esse não conhecia. Vou ler!
Boa! Já temos aqui muitas recomendações. Para fechar, pergunto-te qual é a mensagem mais importante?
Acho que realmente a situação é difícil e que não devemos entrar numa onda de negação. Devemos tentar encontrar o equilíbrio, mas tentar não entrar em pânico. Encontrar o equilíbrio para vivermos esta fase tão atípica da forma mais saudável possível.
Cabe a cada um de nós trabalhar o nível de autoconhecimento e aí é que reside o grande problema das pessoas estarem tão desorientadas: a maior parte das pessoas não se conhece. Nós não temos muito tempo para pensar sobre nós e acabamos por não nos conhecer realmente, nem a nós e, no caso dos casais ou de pessoas que vivem connosco, não conhecemos bem quem está connosco.
A vida é toda tão a correr que não nos conhecemos bem e isso acaba por gerar muitas discussões e muito mau-estar. O facto e não se conhecerem a si próprias vai criar uma dificuldade muito maior de saber como gerir uma situação tão inesperada como esta. Ainda mais as pessoas que fazem planos muito rígidos sobre o futuro e que têm uma necessidade muito grande de controlar tudo, agora estão ainda mais desesperadas. Estão com uma dificuldade muito maior em vivenciar toda esta fase pouco expectável, que não estava nos planos de ninguém e para a qual não há uma solução certa escrita numa caderno. Não há nenhuma fórmula igual para todas as pessoas.
Vemos tanta coisa nas redes sociais como: “faz exercício, come isto, come aquilo, lê isto, lê aquilo”, eu acho que o importante é cada um encontrar dentro de si esse equilíbrio através de, na minha opinião, o auto-conhecimento. Começarmos a conhecer-nos melhor a nós mesmos, a perceber o que queremos, o que sentimos e o porquê, com vamos dar a volta. Irmos realmente parando. Aproveitar esta paragem obrigatória e dentro de nós pararmos.
De nada vale estar tudo parado lá fora, se internamente também não fizermos essa pausa de reflexão, de olharmos para dentro e de nos conhecermos de outra forma para, aí sim, arranjarmos ferramentas para sabermos lidar com isto.
Se não nos conhecermos, vai ser muito complicado ultrapassar esta fase de uma forma melhor porque vamos tentar sempre fazer igual aos outros. Por exemplo, como eu não nos conhecemos bem e não sabemos o que é melhor para nós, se as nossas amigas estão a fazer exercício físico e também vamos fazer. Depois, ficamos frustrados porque afinal não é com exercício físico que nos sentimos melhor. Isso é para o João, para o Joaquim ou para a Joana. Não é para nós. Temos de perceber o que é que faz sentido para nós.
Se os outros nos inspirarem, nós experimentarmos e nos fizermos bem, ótimo! Estamos a conchear-nos melhor e a encontrar o que nos faz sentir melhor. Agora, obrigarmo-nos a fazer o que os outros fazem, só para dizer que estamos a fazer alguma coisa, vai criar uma frustração muito maior. Somos todos diferentes, o que faz sentido para uns não faz sentido para outros.
A principal mensagem é cada um parar, olhar para dentro de si e ter mais tempo para aumentar o autoconhecimento e fazer aquilo que lhe faz mais sentido. Por exemplo: ler livros, ver filmes, ver séries, aprender coisas novas, fazer exercício físico, aprender receitas novas, falar com amigos que não falávamos há muito tempo, escrever. Escrever é muito terapêutico, escrever sobre o que estamos a sentir, planos do futuro. Usarmos este tempo para pensar o que queremos no futuro também nos dá esperança.
Há esperança, há alguma coisa que vem a seguir e temos de investir para nos dar alguma luz e esperança para enfrentar uma fase mais escura e sombria.
Ia só remeter aqui que para quem quiser investir mais no seu autoconhecimento pode recorrer à psicologia. A psicologia não é só para doenças, mas também para estes casos em que a pessoa precisa de ser conhecer melhor.
É isso mesmo! Depois de tudo isto que estivemos a falar, das estratégias que demos, se nada disso fizer sentido às pessoas que nos estão a ouvir, se estiverem numa situação de grande ansiedade e de uma tristeza aprofunda, então que recorram a um psicólogo, a uma ajuda especializada neste aspeto. Não gerimos todos as situações da mesma maneira. Se não estamos a conseguir gerir, então, vamos procurar ajuda.
Muito obrigada!
Obrigada eu! Foi um prazer ter esta conversa com uma pessoa que também tem o mesmo interesse que eu nesta questão, do desenvolvimento pessoal e também do que é que positivo e inspirador para transmitir nesta fase mais difícil.